terça-feira, 24 de outubro de 2006
Cansada demais...
Parece que faz muito tempo que eu não tiro férias e quando eu penso nas últimas parece que foi há tanto tempo.
Ter que devolver o carro que alugamos foi cruel e com a devolução o último resquício da vida mansa que foi pro brejo.
Roteiro básico da minha manhã:
- acordar 40 minutos antes porque agora não tenho mais carro
- me arrumar rapidamente e engolir um leite correndo
- caminhar 2 quadras até a parada
- esperar sabe-se lá quanto tempo o ônibus chegar (sim, porque eles não seguem o horário, legal né?)
- ter que negar esmola para pelo menos 2 pessoas ao dia
- segurar a bolsa junto ao corpo na espreita de pessoas com a aparência suspeita que poderiam facilmente me assaltar, já que a parada é deserta essa hora da manhã. Por causa disso nem carrego mais cartão de crédito, cartão de banco e talão de cheques. Também não ando mais com bolsas de marcas visadas, ando com umas fuleiras que só vendo, hohoho
- pegar o ônibus depois de muita espera e me acotovelar para conseguir uma arara para me segurar
- cheirar sovaco vencido
- me equilibrar para não cair, porque os motoristas acham que estão carregando porcos e não gente
- fazer cara feia e acotovelar neguinho que passa se esfregando
-descer do ônibus aliviada e chegar ao trabalho
Claro que temos as variações, do tipo, ficar esperando 50 minutos em uma parada e desistir, tendo que caminhar mais 8 quadras para pegar outro ônibus, já que, por medidas de segurança, (como descrito acima) não tenho dinheiro para o táxi.
As variações também incluem: levar cantadas nojentas na parada, esfolar todo o bico do sapato Carmen Steffens chiquérrimo nos calçamentos, suar e ficar com a pele nojenta, chover e você não ter guarda-chuva e no dia seguinte estar resfriada.
As conseqüências disso são: não poder mais ir a qualquer lugar, a qualquer hora, não ter nenhuma vontade de me arrumar e chegar no trabalho em cima do salto, não poder ir fazer super a qualquer horário, não poder fazer compras quando eu quero (já que não carrego mais dimdim junto). Fazer super é uma mierda, minha amiga, porque você passa a depender da boa vontade dos taxistas para te ajudar com as compras, você vira uma escrava do ônibus/lotação/táxi.
Tenho que pensar várias vezes antes de comprar alguma coisa, não posso sair gastando loucamente.
Não tenho um companheiro aqui comigo, tenho que me virar com tudo, desde as coisas mais simples, às mais complexas e sou, muitas vezes, passada para trás como, por exemplo, por trambiqueiros que fazem reformas, porque não tenho alguém do sexo "forte" para responder por mim. Durmo todas a noites sozinha e fico deprimida quando vejo casais passeando de mãos dadas. Engulo sapões diariamente no trabalho, porque eu preciso de grana, preciso guardar.
E porque tudo isso?
Porque tenho um holandês na minha vida. Porque compramos nosso apartamento. Com o dinheiro da venda do carro não ficamos devendo nada no apartamento, e com as últimas raspas da poupança viajamos. Estamos zerados, porque se soma a essas dívidas pagas a casa que compramos juntos (sim, eu também ajudei) na Bélgica, que ainda falta uns bons anos para terminarmos de pagar. Soma-se também a grana que gastamos em viagens para nos vermos algumas poucas vezes por ano.
Eu aqui, sem alguém do meu lado, sem carro, chamando urubu de meu louro para guardar dinheiro, viajando sempre de segunda classe para economizar tudo o que dá, para pagar, pagar, pagar...
Eu poderia ter uma vida mais confortável, sabem? Ter o meu apartamento, o meu carro, dinheiro no bolso para viajar como turista para onde o vento me levasse e arrumar um namorado aqui, que estivesse ao meu lado sempre que eu precisasse.
E ainda algumas pessoas têm o descaramento de deixar comentariozinho amargo dizendo que eu tenho gringo que me sustenta? Hohoho, perdoe a ignorância delas, Senhor...
Parece que faz muito tempo que eu não tiro férias e quando eu penso nas últimas parece que foi há tanto tempo.
Ter que devolver o carro que alugamos foi cruel e com a devolução o último resquício da vida mansa que foi pro brejo.
Roteiro básico da minha manhã:
- acordar 40 minutos antes porque agora não tenho mais carro
- me arrumar rapidamente e engolir um leite correndo
- caminhar 2 quadras até a parada
- esperar sabe-se lá quanto tempo o ônibus chegar (sim, porque eles não seguem o horário, legal né?)
- ter que negar esmola para pelo menos 2 pessoas ao dia
- segurar a bolsa junto ao corpo na espreita de pessoas com a aparência suspeita que poderiam facilmente me assaltar, já que a parada é deserta essa hora da manhã. Por causa disso nem carrego mais cartão de crédito, cartão de banco e talão de cheques. Também não ando mais com bolsas de marcas visadas, ando com umas fuleiras que só vendo, hohoho
- pegar o ônibus depois de muita espera e me acotovelar para conseguir uma arara para me segurar
- cheirar sovaco vencido
- me equilibrar para não cair, porque os motoristas acham que estão carregando porcos e não gente
- fazer cara feia e acotovelar neguinho que passa se esfregando
-descer do ônibus aliviada e chegar ao trabalho
Claro que temos as variações, do tipo, ficar esperando 50 minutos em uma parada e desistir, tendo que caminhar mais 8 quadras para pegar outro ônibus, já que, por medidas de segurança, (como descrito acima) não tenho dinheiro para o táxi.
As variações também incluem: levar cantadas nojentas na parada, esfolar todo o bico do sapato Carmen Steffens chiquérrimo nos calçamentos, suar e ficar com a pele nojenta, chover e você não ter guarda-chuva e no dia seguinte estar resfriada.
As conseqüências disso são: não poder mais ir a qualquer lugar, a qualquer hora, não ter nenhuma vontade de me arrumar e chegar no trabalho em cima do salto, não poder ir fazer super a qualquer horário, não poder fazer compras quando eu quero (já que não carrego mais dimdim junto). Fazer super é uma mierda, minha amiga, porque você passa a depender da boa vontade dos taxistas para te ajudar com as compras, você vira uma escrava do ônibus/lotação/táxi.
Tenho que pensar várias vezes antes de comprar alguma coisa, não posso sair gastando loucamente.
Não tenho um companheiro aqui comigo, tenho que me virar com tudo, desde as coisas mais simples, às mais complexas e sou, muitas vezes, passada para trás como, por exemplo, por trambiqueiros que fazem reformas, porque não tenho alguém do sexo "forte" para responder por mim. Durmo todas a noites sozinha e fico deprimida quando vejo casais passeando de mãos dadas. Engulo sapões diariamente no trabalho, porque eu preciso de grana, preciso guardar.
E porque tudo isso?
Porque tenho um holandês na minha vida. Porque compramos nosso apartamento. Com o dinheiro da venda do carro não ficamos devendo nada no apartamento, e com as últimas raspas da poupança viajamos. Estamos zerados, porque se soma a essas dívidas pagas a casa que compramos juntos (sim, eu também ajudei) na Bélgica, que ainda falta uns bons anos para terminarmos de pagar. Soma-se também a grana que gastamos em viagens para nos vermos algumas poucas vezes por ano.
Eu aqui, sem alguém do meu lado, sem carro, chamando urubu de meu louro para guardar dinheiro, viajando sempre de segunda classe para economizar tudo o que dá, para pagar, pagar, pagar...
Eu poderia ter uma vida mais confortável, sabem? Ter o meu apartamento, o meu carro, dinheiro no bolso para viajar como turista para onde o vento me levasse e arrumar um namorado aqui, que estivesse ao meu lado sempre que eu precisasse.
E ainda algumas pessoas têm o descaramento de deixar comentariozinho amargo dizendo que eu tenho gringo que me sustenta? Hohoho, perdoe a ignorância delas, Senhor...
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