sexta-feira, 1 de dezembro de 2006
Esse era o post que eu disse que ia escrever, ele é longo, peguem o café, chá, suco, acendam os cigarros, sentem-se confortavelmente na cadeira e vamos lá:
Desde que eu mudei o layout e coloquei um ícone para e-mails, venho recebendo alguns, dos mais diversos lugares, mas em sua maioria interessados na minha história com namorido.
Recebi um muito fofo, de uma senhora de 54 anos que está namorando um inglês e me contou que só está esperando a neta se formar no ano que vem e depois vai se mudar para lá. Ela conta a história de amor dela, fiquei emocionada. Sei que ela vai passar por aqui e ler isso, queria que ela soubesse que eu gostei muito de conhecer um pouco mais dela.
Uns dois ou três queriam detalhes pessoais, do tipo, meu nome. Não, eu não falo o meu nome. Apenas algumas grandes amigas que eu conheço pessoalmente sabem do meu blog, e apenas umas raríssimas blogueiras sabem o meu nome. Não me levem a mal, mas no blog a gente revela o que quer, e eu prefiro assim.
Mas a maioria é de pessoas interessadas em detalhes, como onde conheci namorido, como é o nosso relacionamento, essas coisas, ou falando que conheceram um estrangeiro na net ou pessoalmente mesmo, e querem saber mais detalhes de como é esse relacionamento.
São meninas que já sofreram muito com brasileiros e vêem nos estrangeiros uma oportunidade de encontrar um amor e ser feliz.
Elas acreditam que os estrangeiros são pessoas mais confiáveis, mais envolvidas e que levam o relacionamento mais a sério do que os nativos.
A maioria dos mails parece bem intencionada, mas em sua maioria são, digamos, meio desesperados. Meninas que estão encantadas com os gringos e que estão fantasiando uma vida de sonhos e felicidade. Poucos eram coerentes, pés no chão, a maioria era meio ilusório, deslumbrados mesmo. Mas ante ontem eu recebi um que me chocou um pouco.
Uma menina me escreveu e usou exatamente essas palavras, vou copiar e colar:
"Meu sonho é morar no exterior queria saber como voce conheceu seu namorado e dicas para encontrar alguem"
Fiquei meio perturbada com a declaração. Porque aqui não estou falando de meninas que querem apenas ser felizes, mas de uma legítima interesseira, ou como li em alguns blogs, Maria-passaporte. Alguém que quer usar outra pessoa para se dar bem na vida.
É importante dividir os 2 grupos de mulheres.
As que querem única e exclusivamente ser felizes, e para essas eu tenho alguns conselhos para dar:
- A felicidade pode estar em qualquer lugar. Quem sabe até ao seu lado. O importante é não fechar os olhos para quem está ao seu redor. Por que procurar tão longe o que pode estar tão perto? Amigos de longa data, vizinhos engraçados e simpáticos, colegas no trabalho ou até mesmo aquele estranho encontrado por acaso dentro de uma videolocadora. Qualquer lugar é lugar e qualquer hora é hora. Se deixem levar, minha gente.
- Acho perigosa essa procura desenfreada por um marido. Abram os olhos para o mundo, se permitam conhecer gente bacana, independente de onde elas estejam ou do tipo de relacionamento que elas buscam. É alguém de outro país? Beleza! Parta do princípio de que você começa a ganhar um amigo, alguém para conversar, para trocar experiências e conhecimento sobre o local onde vivem. Quer coisa melhor do que essa troca de experiências? Isso é enriquecedor e muito divertido.
- Estão falando através da internet? Por mais bacana que esteja sendo a experiência não acreditem que isso é suficiente para algum relacionamento. Relacionamentos precisam de toque, de pele, de olhos nos olhos. Por mais que tenham afinidade, quem garante que haverá química antes do primeiro encontro? Isso é o mínimo que precisa para o relacionamento deslanchar.
- Já se encontraram e foi legal? Isso é um bom início, mas ainda tem muita coisa a relevar.
- Não acreditem que gringo é tudo bonzinho. Não existe unanimidade. Eu acredito que a maioria tem boas intenções, mas salafrário existe em qualquer parte. Basta lembrar do caso daquela carioca que conversava via conferência por vídeo no msn com um norueguês. Ela chegou a fazer um "strip" para o cara, e como conseqüência da sua boa fé, teve o ato divulgado na internet para quem quisesse ver, bem como suas fotos. Já existem programinhas que gravam vídeo de msn, gratuitos inclusive, então, por favor, não caiam em papinho mole. O mesmo vale para fotos, viu?
- Não esqueçam dos gringos que vem ao Brasil para fazer turismo sexual, eles são os principais patrocinadores da pedofilia, o que mostra que pessoas mentalmente doentes existem em qualquer lugar.
- Caráter independe da nacionalidade, ou você tem ou não tem.
- Não acreditem em tudo que é lorota contada, conheçam bem a pessoa antes de expor a sua vida
- Se conheceram um estrangeiro, por mais que queiram agir com o coração, ouçam a voz da razão, por favor. Não vejam ele apenas uma vez e façam as malas para se mudar no mês seguinte. Tenham paciência, procurem conhecer direito a outra pessoa, seu caráter, afinidades com você, opiniões. Conversem. Viajem a passeio e conheçam onde a pessoa vive, seus amigos, sua família. Falta de dinheiro não é a questão, hoje em dia, muitas agências financiam em até 48 vezes a viagem. E aqui estamos falando do futuro de vocês, de um amor, é importante saber tudo a respeito da pessoa. Como amar o que não se conhece?
- Se a pessoa está sozinha há muito tempo, procure avaliar bem o porquê. Isso pode ser até preconceito meu, mas na boa, solteiro, 40 anos, meigo e com pinta de príncipe encantado, que não tem um relacionamento sério há muito tempo ou que só teve namoros rápidos ao longo da vida? Desconfie, seres assim são raros, tanto aqui no Brasil quanto lá fora.
- Preste atenção nos detalhes: a pessoa se zanga ou se magoa com freqüência? A pessoa não tem senso de humor? Discussões por assuntos banais são freqüentes? Liguem o alerta, se esses desentendimentos já acontecem agora, quando vocês viverem juntos tende a piorar muito, pela convivência, e pelo fato de que vocês vão estar em um país totalmente desconhecido, se a coisa ficar insustentável vocês não vão ter para aonde correr. A palavra chave é diálogo.
- Perguntem detalhes pessoais, com o tempo isso acontecerá naturalmente, como endereço, nem que seja para mandar um cartão, números de telefone, essas coisas. Esse tipo de informação é importante, mostra que a pessoa não tem medo de mostrar quem ela é. Isso evita coisas tipo, casados que querem uma "aventura" com uma brasileira.
- Nem tudo são histórias de amor que têm finais felizes. Eu acompanho blogs de brasileiras que tem uma história feliz no exterior, mas nunca achei um que dizia: "ele me batia, me maltratava, me humilhava, eu estava longe, não conhecia o idioma e não sabia o que fazer". Será que tais histórias não existem? Ou será que essas pessoas apenas não apareceram em blogs ainda para contar? Pensem nisso.
- Pensem em vocês. Do que vocês precisam abrir mão para viver esse amor? Como diria Vinícius, amores bons são eternos enquanto duram, e se acabar, como fica? Porque entendam uma coisa: nesse tipo de relacionamento, quem abre mão de tudo para viver o conto de fadas serão, provavelmente, vocês. O gringo vai estar lá, por mais apaixonado que ele esteja ele não vai largar família, trabalho, país, nada. Agora a brasileira, essa renuncia a tudo. Será que o ditado: "no amor e na guerra vale tudo" realmente é correto?
- Procurem imaginar um futuro ao lado da pessoa: o que vocês farão ao lado dela? O papel de dona-de-casa compensa estar ao lado desse amor? Para muitas pessoas compensa, mas para vocês, vale a pena? Muitas mulheres adoram essa experiência, querem cuidar da casa, ter filhos, ser a dona do lar e acham isso muito, mas muito legal. Querem trabalhar no novo país? Bacana, mas não esqueçam que a vida profissional não continua de onde ela parou aqui no Brasil. Muita coisa vem pela frente, preconceito contra estrangeiros, falta de experiência, não conhecer o idioma local. Seu curso permite que você exerça sua profissão no novo país? Muitos cursos não são validados em alguns países e você corre o risco de ter o seu diploma apenas para ser pendurado em uma parede. Se quiserem fazer tudo direitinho, esperem muita burocracia e processos. Para tudo há um prazo, documentações a serem reunidas e vocês terão que desencavar paciência de suas entranhas.
- O que esse amor estrangeiro espera de vocês? Como ele imagina um futuro ao seu lado? Como ele imagina o seu dia-a-dia ao lado dele? A resposta dele te satisfaz? É o que você busca também? Não estou falando de romance, namoro, promessas de amor feitas ao pé do ouvido, estou falando de uma nova rotina e cabe a vocês decidirem se é o que vocês querem.
Por favor, não julguem o post de hoje pessimista ou prático demais. Sei que quase não falei de sentimentos, mas a intenção aqui é apenas abrir os olhos para a realidade, amor é bom...é ótimo! Faz a gente suspirar adoidado e quando acontece independe de quem são os envolvidos, mas cuidar do lado prático de tudo ajuda, e muito, para que os suspiros e a paixão se perpetuem e não acabem ao primeiro sinal de adversidade.
Como aconteceu comigo: depois de um longo namoro que acabou conheci namorido via icq. Ele me adicionou porque eu era brasileira, e ele estava planejando vir ao Brasil a negócios. Depois de muita conversa, xororô meu por causa do namoro acabado e de uma dose gigantesca de paciência e boa vontade dele, eu mandei a primeira foto minha. Ele não, logo de cara foi mandando um monte. Conversávamos horas a fio, ele me ligava e ficávamos um tempão ao telefone. Ele era solteiro, 36 anos, morava sozinho em Noord-Holland. Mandei minha primeira foto depois de uns bons dias de conversa, e só mandei mais porque trocamos telefone, endereço, fotos de família. Enviei um cartão para ele, só para ver se o endereço era aquele mesmo e ele não tinha mentido. Não avisei que tinha mandado, apenas mandei. Duas semanas depois ele me ligou todo contente porque tinha recebido o cartão e me mandou outro. Na manhã da minha formatura recebi um arranjo de tulipas lindo, aquilo amoleceu um pouco o meu coração.
Aliás, outros detalhes da vida do namorido são meio poéticos...tulipas, é só o que eu vou falar, as blogueiras que passarem por aqui e que conhecem um pouco mais de mim vão saber do que eu estou falando. Enfim, ele parecia perfeito demais e eu fiquei desconfiada.
Perguntava coisas pessoais, do tipo: quanto tempo estava sozinho, quanto tempo durou o último namoro, quais os hobbys, essas coisas. Descobrimos muitos gostos em comum o que fez aumentar a vontade de nos vermos. Conversávamos muito sobre nossas culturas, sobre diferenças de educação, tudo... Namorido se mostrou um piadista nato sobre várias coisas brasileiras, o que eu gostei muito. Além de ótimo conselheiro, o que me mostrou que ele sabe lidar com situações adversas e é otimista.
Pouco tempo antes de ele vir, ao telefone, ele disse que me amava. Ao contrário do que alguns podem imaginar, aquilo, para mim, soou pessimamente. Pensava: o cara deve ser perturbado, nem conheço já está assim, ou está mentindo. Fiquei com os 2 pés atrás.
Me tranqüilizei depois que nos vimos pela primeira vez, daí eu pensei: esse cara não sai mais da minha vida. Beijo perfeito, sintonia total. Ainda tive mais alguns receios, principalmente quanto ao fato de ele ficar falando todo o tempo que eu era linda, que me amava, essas coisas.
Ficava intrigada e pensava: linda, eu? Com o tempo eu fui entender que realmente os holandeses são mais desencanados em relação a aparência, e se você conhecer as holandesas vai ver que a maioria das brasileiras são lindas mesmo...(preconceituosa? Não, foi uma constatação, hahaha)
Tranqüilidade total tive mesmo depois da minha primeira viagem a Holanda, quando conheci pai, mãe, irmãos, sobrinhos, afilhados, amigos, cachorro, gato, papagaio, tudo, hahaha Por isso falo: conheçam a pessoa, não se exponham demais, conversem, viajem para conhecer o "habitat".
Depois disso a coisa deslanchou de vez. Temos nossas brigas, como qualquer casal, mas sabemos dar valor as qualidades um do outro. Hoje eu vejo que ele não é mais a pessoa perfeita que eu julguei no início, mas assim é melhor. Com a convivência você conhece os defeitos também, mas te ajuda a enxergar se as qualidades superam os problemas. Maturidade é o maior presente que eu ganhei desse meu gringo turrão e teimoso. Aprendi a compartilhar, a confiar mais em mim. Tivemos brigas horríveis, ficamos separados por um bom tempo. Acho que não tenho mais um príncipe, ganhei um sapo, mas que é muito mais divertido e humano do que aquele namorado que eu conheci há 4 anos atrás. Namorido me ensinou a ser paciente, a acreditar nele, coisa que só o tempo pode ensinar.
Somos comprometidos com os nossos sentimentos e com o que queremos para nós. As vezes, vejo mais comprometimento entre nós do que entre casais que moram juntos. Amizade, conversamos muito sobre tudo, namorido é o meu melhor amigo. Hoje temos muita intimidade, só pelo tom de voz ou pelo olhar um já sabe o que o outro está pensando. Isso vem com o tempo, não é o tipo de coisa que você conquista vendo a pessoa apenas uma vez na vida. Mas cada caso é um caso.
Lembram da divisão dos dois tipos de mulheres?
Pois bem, para o segundo tipo, como aquele que me mandou o e-mail que eu colei, tenho pouca coisa a dizer. Caráter independe da nacionalidade. E tenho muita pena de gente assim, até podem achar o tão desejado gringo, mas felizes? Duvido muito que serão, no Brasil ou em qualquer lugar do mundo.
Desde que eu mudei o layout e coloquei um ícone para e-mails, venho recebendo alguns, dos mais diversos lugares, mas em sua maioria interessados na minha história com namorido.
Recebi um muito fofo, de uma senhora de 54 anos que está namorando um inglês e me contou que só está esperando a neta se formar no ano que vem e depois vai se mudar para lá. Ela conta a história de amor dela, fiquei emocionada. Sei que ela vai passar por aqui e ler isso, queria que ela soubesse que eu gostei muito de conhecer um pouco mais dela.
Uns dois ou três queriam detalhes pessoais, do tipo, meu nome. Não, eu não falo o meu nome. Apenas algumas grandes amigas que eu conheço pessoalmente sabem do meu blog, e apenas umas raríssimas blogueiras sabem o meu nome. Não me levem a mal, mas no blog a gente revela o que quer, e eu prefiro assim.
Mas a maioria é de pessoas interessadas em detalhes, como onde conheci namorido, como é o nosso relacionamento, essas coisas, ou falando que conheceram um estrangeiro na net ou pessoalmente mesmo, e querem saber mais detalhes de como é esse relacionamento.
São meninas que já sofreram muito com brasileiros e vêem nos estrangeiros uma oportunidade de encontrar um amor e ser feliz.
Elas acreditam que os estrangeiros são pessoas mais confiáveis, mais envolvidas e que levam o relacionamento mais a sério do que os nativos.
A maioria dos mails parece bem intencionada, mas em sua maioria são, digamos, meio desesperados. Meninas que estão encantadas com os gringos e que estão fantasiando uma vida de sonhos e felicidade. Poucos eram coerentes, pés no chão, a maioria era meio ilusório, deslumbrados mesmo. Mas ante ontem eu recebi um que me chocou um pouco.
Uma menina me escreveu e usou exatamente essas palavras, vou copiar e colar:
"Meu sonho é morar no exterior queria saber como voce conheceu seu namorado e dicas para encontrar alguem"
Fiquei meio perturbada com a declaração. Porque aqui não estou falando de meninas que querem apenas ser felizes, mas de uma legítima interesseira, ou como li em alguns blogs, Maria-passaporte. Alguém que quer usar outra pessoa para se dar bem na vida.
É importante dividir os 2 grupos de mulheres.
As que querem única e exclusivamente ser felizes, e para essas eu tenho alguns conselhos para dar:
- A felicidade pode estar em qualquer lugar. Quem sabe até ao seu lado. O importante é não fechar os olhos para quem está ao seu redor. Por que procurar tão longe o que pode estar tão perto? Amigos de longa data, vizinhos engraçados e simpáticos, colegas no trabalho ou até mesmo aquele estranho encontrado por acaso dentro de uma videolocadora. Qualquer lugar é lugar e qualquer hora é hora. Se deixem levar, minha gente.
- Acho perigosa essa procura desenfreada por um marido. Abram os olhos para o mundo, se permitam conhecer gente bacana, independente de onde elas estejam ou do tipo de relacionamento que elas buscam. É alguém de outro país? Beleza! Parta do princípio de que você começa a ganhar um amigo, alguém para conversar, para trocar experiências e conhecimento sobre o local onde vivem. Quer coisa melhor do que essa troca de experiências? Isso é enriquecedor e muito divertido.
- Estão falando através da internet? Por mais bacana que esteja sendo a experiência não acreditem que isso é suficiente para algum relacionamento. Relacionamentos precisam de toque, de pele, de olhos nos olhos. Por mais que tenham afinidade, quem garante que haverá química antes do primeiro encontro? Isso é o mínimo que precisa para o relacionamento deslanchar.
- Já se encontraram e foi legal? Isso é um bom início, mas ainda tem muita coisa a relevar.
- Não acreditem que gringo é tudo bonzinho. Não existe unanimidade. Eu acredito que a maioria tem boas intenções, mas salafrário existe em qualquer parte. Basta lembrar do caso daquela carioca que conversava via conferência por vídeo no msn com um norueguês. Ela chegou a fazer um "strip" para o cara, e como conseqüência da sua boa fé, teve o ato divulgado na internet para quem quisesse ver, bem como suas fotos. Já existem programinhas que gravam vídeo de msn, gratuitos inclusive, então, por favor, não caiam em papinho mole. O mesmo vale para fotos, viu?
- Não esqueçam dos gringos que vem ao Brasil para fazer turismo sexual, eles são os principais patrocinadores da pedofilia, o que mostra que pessoas mentalmente doentes existem em qualquer lugar.
- Caráter independe da nacionalidade, ou você tem ou não tem.
- Não acreditem em tudo que é lorota contada, conheçam bem a pessoa antes de expor a sua vida
- Se conheceram um estrangeiro, por mais que queiram agir com o coração, ouçam a voz da razão, por favor. Não vejam ele apenas uma vez e façam as malas para se mudar no mês seguinte. Tenham paciência, procurem conhecer direito a outra pessoa, seu caráter, afinidades com você, opiniões. Conversem. Viajem a passeio e conheçam onde a pessoa vive, seus amigos, sua família. Falta de dinheiro não é a questão, hoje em dia, muitas agências financiam em até 48 vezes a viagem. E aqui estamos falando do futuro de vocês, de um amor, é importante saber tudo a respeito da pessoa. Como amar o que não se conhece?
- Se a pessoa está sozinha há muito tempo, procure avaliar bem o porquê. Isso pode ser até preconceito meu, mas na boa, solteiro, 40 anos, meigo e com pinta de príncipe encantado, que não tem um relacionamento sério há muito tempo ou que só teve namoros rápidos ao longo da vida? Desconfie, seres assim são raros, tanto aqui no Brasil quanto lá fora.
- Preste atenção nos detalhes: a pessoa se zanga ou se magoa com freqüência? A pessoa não tem senso de humor? Discussões por assuntos banais são freqüentes? Liguem o alerta, se esses desentendimentos já acontecem agora, quando vocês viverem juntos tende a piorar muito, pela convivência, e pelo fato de que vocês vão estar em um país totalmente desconhecido, se a coisa ficar insustentável vocês não vão ter para aonde correr. A palavra chave é diálogo.
- Perguntem detalhes pessoais, com o tempo isso acontecerá naturalmente, como endereço, nem que seja para mandar um cartão, números de telefone, essas coisas. Esse tipo de informação é importante, mostra que a pessoa não tem medo de mostrar quem ela é. Isso evita coisas tipo, casados que querem uma "aventura" com uma brasileira.
- Nem tudo são histórias de amor que têm finais felizes. Eu acompanho blogs de brasileiras que tem uma história feliz no exterior, mas nunca achei um que dizia: "ele me batia, me maltratava, me humilhava, eu estava longe, não conhecia o idioma e não sabia o que fazer". Será que tais histórias não existem? Ou será que essas pessoas apenas não apareceram em blogs ainda para contar? Pensem nisso.
- Pensem em vocês. Do que vocês precisam abrir mão para viver esse amor? Como diria Vinícius, amores bons são eternos enquanto duram, e se acabar, como fica? Porque entendam uma coisa: nesse tipo de relacionamento, quem abre mão de tudo para viver o conto de fadas serão, provavelmente, vocês. O gringo vai estar lá, por mais apaixonado que ele esteja ele não vai largar família, trabalho, país, nada. Agora a brasileira, essa renuncia a tudo. Será que o ditado: "no amor e na guerra vale tudo" realmente é correto?
- Procurem imaginar um futuro ao lado da pessoa: o que vocês farão ao lado dela? O papel de dona-de-casa compensa estar ao lado desse amor? Para muitas pessoas compensa, mas para vocês, vale a pena? Muitas mulheres adoram essa experiência, querem cuidar da casa, ter filhos, ser a dona do lar e acham isso muito, mas muito legal. Querem trabalhar no novo país? Bacana, mas não esqueçam que a vida profissional não continua de onde ela parou aqui no Brasil. Muita coisa vem pela frente, preconceito contra estrangeiros, falta de experiência, não conhecer o idioma local. Seu curso permite que você exerça sua profissão no novo país? Muitos cursos não são validados em alguns países e você corre o risco de ter o seu diploma apenas para ser pendurado em uma parede. Se quiserem fazer tudo direitinho, esperem muita burocracia e processos. Para tudo há um prazo, documentações a serem reunidas e vocês terão que desencavar paciência de suas entranhas.
- O que esse amor estrangeiro espera de vocês? Como ele imagina um futuro ao seu lado? Como ele imagina o seu dia-a-dia ao lado dele? A resposta dele te satisfaz? É o que você busca também? Não estou falando de romance, namoro, promessas de amor feitas ao pé do ouvido, estou falando de uma nova rotina e cabe a vocês decidirem se é o que vocês querem.
Por favor, não julguem o post de hoje pessimista ou prático demais. Sei que quase não falei de sentimentos, mas a intenção aqui é apenas abrir os olhos para a realidade, amor é bom...é ótimo! Faz a gente suspirar adoidado e quando acontece independe de quem são os envolvidos, mas cuidar do lado prático de tudo ajuda, e muito, para que os suspiros e a paixão se perpetuem e não acabem ao primeiro sinal de adversidade.
Como aconteceu comigo: depois de um longo namoro que acabou conheci namorido via icq. Ele me adicionou porque eu era brasileira, e ele estava planejando vir ao Brasil a negócios. Depois de muita conversa, xororô meu por causa do namoro acabado e de uma dose gigantesca de paciência e boa vontade dele, eu mandei a primeira foto minha. Ele não, logo de cara foi mandando um monte. Conversávamos horas a fio, ele me ligava e ficávamos um tempão ao telefone. Ele era solteiro, 36 anos, morava sozinho em Noord-Holland. Mandei minha primeira foto depois de uns bons dias de conversa, e só mandei mais porque trocamos telefone, endereço, fotos de família. Enviei um cartão para ele, só para ver se o endereço era aquele mesmo e ele não tinha mentido. Não avisei que tinha mandado, apenas mandei. Duas semanas depois ele me ligou todo contente porque tinha recebido o cartão e me mandou outro. Na manhã da minha formatura recebi um arranjo de tulipas lindo, aquilo amoleceu um pouco o meu coração.
Aliás, outros detalhes da vida do namorido são meio poéticos...tulipas, é só o que eu vou falar, as blogueiras que passarem por aqui e que conhecem um pouco mais de mim vão saber do que eu estou falando. Enfim, ele parecia perfeito demais e eu fiquei desconfiada.
Perguntava coisas pessoais, do tipo: quanto tempo estava sozinho, quanto tempo durou o último namoro, quais os hobbys, essas coisas. Descobrimos muitos gostos em comum o que fez aumentar a vontade de nos vermos. Conversávamos muito sobre nossas culturas, sobre diferenças de educação, tudo... Namorido se mostrou um piadista nato sobre várias coisas brasileiras, o que eu gostei muito. Além de ótimo conselheiro, o que me mostrou que ele sabe lidar com situações adversas e é otimista.
Pouco tempo antes de ele vir, ao telefone, ele disse que me amava. Ao contrário do que alguns podem imaginar, aquilo, para mim, soou pessimamente. Pensava: o cara deve ser perturbado, nem conheço já está assim, ou está mentindo. Fiquei com os 2 pés atrás.
Me tranqüilizei depois que nos vimos pela primeira vez, daí eu pensei: esse cara não sai mais da minha vida. Beijo perfeito, sintonia total. Ainda tive mais alguns receios, principalmente quanto ao fato de ele ficar falando todo o tempo que eu era linda, que me amava, essas coisas.
Ficava intrigada e pensava: linda, eu? Com o tempo eu fui entender que realmente os holandeses são mais desencanados em relação a aparência, e se você conhecer as holandesas vai ver que a maioria das brasileiras são lindas mesmo...(preconceituosa? Não, foi uma constatação, hahaha)
Tranqüilidade total tive mesmo depois da minha primeira viagem a Holanda, quando conheci pai, mãe, irmãos, sobrinhos, afilhados, amigos, cachorro, gato, papagaio, tudo, hahaha Por isso falo: conheçam a pessoa, não se exponham demais, conversem, viajem para conhecer o "habitat".
Depois disso a coisa deslanchou de vez. Temos nossas brigas, como qualquer casal, mas sabemos dar valor as qualidades um do outro. Hoje eu vejo que ele não é mais a pessoa perfeita que eu julguei no início, mas assim é melhor. Com a convivência você conhece os defeitos também, mas te ajuda a enxergar se as qualidades superam os problemas. Maturidade é o maior presente que eu ganhei desse meu gringo turrão e teimoso. Aprendi a compartilhar, a confiar mais em mim. Tivemos brigas horríveis, ficamos separados por um bom tempo. Acho que não tenho mais um príncipe, ganhei um sapo, mas que é muito mais divertido e humano do que aquele namorado que eu conheci há 4 anos atrás. Namorido me ensinou a ser paciente, a acreditar nele, coisa que só o tempo pode ensinar.
Somos comprometidos com os nossos sentimentos e com o que queremos para nós. As vezes, vejo mais comprometimento entre nós do que entre casais que moram juntos. Amizade, conversamos muito sobre tudo, namorido é o meu melhor amigo. Hoje temos muita intimidade, só pelo tom de voz ou pelo olhar um já sabe o que o outro está pensando. Isso vem com o tempo, não é o tipo de coisa que você conquista vendo a pessoa apenas uma vez na vida. Mas cada caso é um caso.
Lembram da divisão dos dois tipos de mulheres?
Pois bem, para o segundo tipo, como aquele que me mandou o e-mail que eu colei, tenho pouca coisa a dizer. Caráter independe da nacionalidade. E tenho muita pena de gente assim, até podem achar o tão desejado gringo, mas felizes? Duvido muito que serão, no Brasil ou em qualquer lugar do mundo.
Gurias, estou numa correria louca, amanhã estou indo para "Curita" de novo, mas prometo, que domingo ou segunda eu volto para xeretar um pouquinho e ler como anda a vida de vocês, ok? Aproveitem bem o fim-de-semana, tá?
|