Deus, olhe para baixo...

sexta-feira, 28 de março de 2008

...e dê um pouco de paciência a essa pobre alma.

Algumas coisas lá no escritório têm me feito perder a cabeça.

Trabalho em uma área específica de finanças que além de cautela, é preciso passar confiança aos clientes. Todo o meu trabalho está baseado nisso, no cliente confiar na gente, confiar em mim e se sentir seguro para usar os nossos serviços.

Nossos clientes são toda a sorte de pessoas, de aposentados até empresários de grandes empresas, até as próprias grandes empresas.

Com a intenção de estreitar os vínculos entre a empresa e os clientes, e também para que esses investidores conheçam todos os detalhes de cada transação, sempre optamos por ter uma relação bem próxima com eles. Corpo-a-corpo mesmo. Nunca fomos adeptos de ter muita assessoria. Tenho uma secretária que, apesar de ser um pé no saco, me ajuda, e muito. Os clientes ficam satisfeitos assim, eles acham importante falar diretamente com os responsáveis pelas contas deles. Ponto final.

Só que no último mês surgiu (sabe-se lá de onde) uma tal especialista, contratada para diagnosticar eventuais problemas ou fraquezas e nos apresentar soluções.

Só que eu ando de saco muito cheio dessa mulher.

Ela não tem a mínima noção do que fazemos, só dá fora e se acha o ó do borogodó por nos fazer assistir as intermináveis palestrinhas dela enfeitadas com fru-frus, cheia de diagramas multicoloridos.

Conhecida de um dos nossos colegas, a fulana é uma tremenda filhinha de pai rico, que nunca soube o que é pegar no batente, sem noção alguma de leis trabalhistas. Sem noção alguma do que fazemos, sem noção alguma das idiotices que fala.

Big Boss, deslumbrado com a tal auditora, faz vistas grossas para a maioria das asneiras que ela fala. Acha importante que haja auditoria na empresa, mesmo que a auditoria não se importe com nada além de que o sapato esteja combinando com a bolsa.

Só que hoje foi a gota d’água. Depois de quase 1 hora e meia de falatório, ela veio com um dos seus brilhantes diagnósticos: cada um dos analistas ter mais 1 assessor, uma pessoa que se concentre na relação com os clientes enquanto nós, os pobre-coitados, teríamos mais tempo disponível para o trabalho pesado.

Na cabecinha de ervilha dela, fazendo isso a empresa poderia aumentar o número de clientes, já que nós não “perderíamos” tempo investindo em relacionamento, teria uma pessoa só para isso.

O que a infeliz não entende é que nem todo mundo vive de aparências como ela. Os clientes não querem assessores que tomem cafezinho e dêem tapinhas nas costas deles. Eles querem saber exatamente e de forma profunda o que está sendo feito com o dinheiro deles, coisa que um assessor furreca qualquer não vai ter condição de fazer. Todos os clientes mais importantes, sem exceção, têm um conhecimento amplo de economia e risco de mercado, porque eles investem pesado, e não querem investir para perder. Como um Zé Mané relações públicas vai deixar esse cliente satisfeito?

Na cabeça de gema de ovo dela, mais tempo disponível são mais contas para a empresa.

Na minha cabeça, menos tempo para me relacionar com os clientes são duas coisas: ou as contas diminuindo ou trabalho dobrado, porque, além de ganhar mais contas, vou ter que fazer o meu trabalho e o do assessor quando o cliente se negar a conversar apenas com ele.

Acho isso péssimo. Se estivesse no lugar do cliente, toda vez que quisessem que eu conversasse com o assessor, me sentiria diminuída, sem importância.

E como se não bastasse essa meleca toda, ela ainda nos “apresentou” os modelos de pelo menos meia dúzia de planilhas que ela desenvolveu para termos todo o tipo de controle que se pode imaginar. Só que o controle de tudo que é importante já se faz, e não vejo sentido em se perder mais tempo preenchendo duas vezes a mesma coisa. Um tipo de burocracia desnecessária que ao contrário de solucionar os nossos problemas apenas cria outros.

Tive vontade de mandá-la enfiar as planilhas naquele lugar!


Dica: até domingo, passagens aéreas para diversos lugares por 46 reais no site da Gol. Cheguei tarde demais para comprar para Maceió, mas em compensação, Be e eu iremos para Floripa por menos de 250 reais.

Agora deixa eu abrir a minha garrafa de champagne, porque afinal, eu mereço!


 
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