Cenas da vida real...

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Todos os semestres nós abrimos duas vagas para estágio curricular na empresa e esse semestre não foi diferente. É uma boa oportunidade de conhecer esse pessoal novo que está ingressando no mercado de trabalho e, vez ou outra, quando o estagiário é bom de verdade e temos vagas, acabamos contratando-os.
Nesse semestre estamos com duas estagiárias, mas uma não poderia ser mais diferente da outra.
A M. é competentíssima, já fez vários estágios voluntários em boas empresas, é esforçada, simpática, lindíssima e luta pelo que quer. Acreditem, ela era gordinha, emagreceu 25 kilos, largou a faculdade na metade e morou um ano em Londres, voltou cheia de histórias para contar, ela não é do tipo que fica sentada vendo a vida passar, ela vai a luta. Ela é bem "louquinha", sem fricotes, trata todos super bem, e por isso, desde o início, ganhou a amizade de todos no escritório.
A outra, a A., é, digamos, acomodada. Faz corpo mole para tudo, não tem ânimo, trata o estágio como se fosse uma obrigação para ela, e não com o prazer que deveria estar tendo por teoricamente fazer algo que ela gosta.
Juro que no início eu não tinha nada contra ela, mas depois, de tanto um colega que eu gosto muito comentar, nada mais a respeito dela passa em branco.
A fulana é daquelas que fala miando, sabem??? E eu de-tes-to mulher que fala miando. Está bem acima do peso mas se acha a gostosona, é nojentinha, toda cheia de fru-fru e se acha o máximo, além de ser preguiçosa.
Detesto gente preguiçosa e acima de tudo, detesto gente que tenta sabotar os outros por perceber que as pessoas tem qualidades que o outro não possui.
Bom, vamos aos fatos:
Quando o estágio delas começou, desde o início acabei ficando muito amiga da estagiária legal e conversava bastante com a outra também.
Desde então, começamos a fazer programas juntos, do tipo ir ao shopping, almoçar, fazer happy hour, sair para tomar chimarrão, essas coisas. E, eu comecei a notar que a fulaninha nunca perde uma oportunidade de tentar colocar as pessoas para baixo, mas sempre com sutileza e com aquela típica voz doce e "miante" que me irrita.
Há 20 dias atrás estávamos tomando uma cervejinha de final de tarde em um bar aqui em Porto Alegre e chegou um dos clientes lá do escritório. Não vou dizer o nome dele que não pega bem, mas ele é vocalista de uma banda de rock famosa. Nunca gostei dele e das músicas, mas quando o conheci pessoalmente vi o que era entrar no personagem. O cara se mostrou educadíssimo, gentil, muito simpático, quando tínhamos reunião era frequente ele receber ligação dos pais, super atencioso com a família e com os amigos, o que mudou totalmente a visão que eu tinha dele por causa da letra das músicas.
Eu nem tinha visto o cidadão, mas ele me viu e na hora veio conversar comigo. Na hora entendi, ele simplesmente não conseguia tirar o olho da M. Mas a M., avoada que só ela, estava achando tudo o máximo, nem bola pro rapaz, estava mesmo interessada era no prato de batata frita (ex gordo é foda) que estava na frente dela. Enquanto isso, a A., pistoleira do jeito que é, se atirando para o cara, com aquele jeitinho de falar miando e tocando nele sabem, mexendo no cabelo, cheia das quartas, quintas e sextas intenções.
Na hora de irmos embora, ele puxou a M. e pediu o telefone dela, e ela deu. Vocês acreditam que a A. mais do que rápido aterissou um papel na mão do cara com o telefone dela também? Quando vi aquilo fiquei com uma raiva sem tamanho.
E os dias passaram. A A. felicíssima porque o rapaz tinha ligado para ela, cantando as músicas da banda pelo escritório o dia todo, falando sobre as coisas que ele tinha dito ao telefone, sobre onde ele estaria, coisas do tipo: "ah, hoje ele tem show, ah, hoje a noite ele está indo para Brasília".
E a M. nem aí. Toda serelepe como de costume.
E 15 dias atrás aconteceu o inexplicável. No meio da tarde meu celular toca. Era ele, todo chateado. Pediu desculpas por me ligar para falar sobre assuntos pessoais, mas ele estava triste e precisava confirmar se era verdade que a M. tinha namorado porque ele tinha gostado muito dela, de verdade.
Na hora eu saquei a armação da outra. Depois de 5 minutos de conversa fiquei sabendo que ele tentou ligar para o celular da M., mas o número não existia (provavelmente, do jeito que aquela lá é, tenha dado sem querer o número errado). E quando ele ligou para a A. para pegar novamente o telefone, ela deu, mas papo vai, papo vem, a viborazinha largou essa que a M. tem namorado e achava melhor ele não ligar.
Armamos um plano, a noite eu liguei para a M. dizendo que ia na casa dela jantar, mas que não era para convidar a A. porque eu queria conversar só com ela. O nosso príncipe encantado passou aqui em casa e eu cheguei na casa dela com o moço a tiracolo. Conversamos um monte, rimos adoidado e, depois de poucas horas, eu resolvi dar no pé e deixar os dois sozinhos.
Eis então que o milagre acontece: eles estão ficando desde esse dia, todos os dias.
Ele liga para ela várias vezes por dia, manda flores, ontem chegou de Brasília e apareceu na casa da moça as 3 horas da manhã com um sundae de doce de leite. Um fofo, quase todas as noites eles tem se visto e dormido juntos, dormido mesmo, porque ele é super respeitador e não tentou nada.
E a A.? Bom, depois disso ela começou a ver um monte de defeitos no cara, e soltar umas frases muito amargas do tipo: "aproveita o quanto pode porque esse aí não deve querer namoro sério", "deve ter um monte de mulher atrás e deve ser galinha", "que música nova ele tem? porque eu acho que eles estão meio em baixa, não estão?", "eu não me iludo mais com os homens que é para não sofrer depois".
E a M. se deixa levar. Ela está toda feliz e de repente com essas pérolas da A. ela vai murchando, sabem como é?
A A. insiste para saber sobre ele e quando a M. conta as últimas no namoro, a A. fica só lá fazendo aquela cara de fiofó e largando esse tipo de comentário cretino.
E hoje eu também fui o alvo, ela largou um comentário do tipo "então você vai para Santiago? o irmão do cunhado do meu amigo esteve lá e não achou muito legal não"
Só que já faz algum tempo que eu estou adquirindo anticorpos contra gente assim e vou te dizer, amiga que está lendo isso aqui, quando uma pessoa dessas aparece na sua vida, o que você deve fazer:
Pesssoa assim fala barbaridade com voz mansa e sendo bem-educada, como se o tom de voz a deixasse protegida para falar o que quer sem receber a bofetada de volta. Então, o segredo é: seja bem grossa, beirando a estupidez, que assim você corta essa erva daninha logo pela raiz.
E foi o que eu fiz, larguei umas duas respostas bem afiadas por mim e pela M. A A. deve estar, até agora, querendo saber de onde veio a paulada que a atingiu.
Melhor assim.

 
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