quinta-feira, 12 de abril de 2007
Com relação ao leão, até abati tudo o que poderia ser abatido. Contas de médico, plano de saúde e até o meu planozinho de previdência privada. Onde deu para tirar, eu tirei.
Não, a minha renda continua a mesma que o ano passado, não fiquei milionária ainda, infelizmente, hehehe
A diferença desse ano é toda uma questão imobiliária envolvendo a compra do nosso apartamento com parte do dinheiro vindo de fora, somado a um imóvel que eu já tinha no meu nome (sim, a receita federal acha que se você tem 2 imóveis no seu nome você é marajá, mesmo que o outro imóvel seja uma casinha-inha singela deixada de herança por um nono muito querido)
Não vou ficar aqui discutindo meu imposto de renda, porque, na minha opinião é brega falar o quanto se ganha, hahaha
Mas o fato, como sabiamente falou a Aline, é que sempre podemos tirar algo de bom (aliás, essa é uma filosofia que eu tenho tentado implementar na minha vida).
Onde está o lado bom nisso? o bom, ou melhor, ótimo, é que depois de anos de idas e vindas de aluguel, hoje temos a nossa casa. E não é simplesmente um teto, é um lar, há muito tempo desejado e sonhado por mim e Beibe, comprado junto, o que foi uma espécie de aceitação da parte dele, de que estamos juntos pro que der e vier e isso é como Mastercard, não tem preço.
Talvez a Ana esteja certa, às vezes eu tenho me chateado com situações do meu dia-a-dia, e todos os dias, o coração tem estado apertado.
Há 5 anos atrás quando eu comecei a namorar Beibe, nos vermos uma vez por ano parecia bom. Com o passar do tempo, o número de vezes que nos encontramos aumentou, mas ao contrário de saciar, a cada reencontro a vontade de estar junto cresce mais.
Vocês já ouviram falar na tal crise dos 7 anos? dizem que depois de um longo tempo de relacionamento sempre há uma crise. Muitos relacionamentos acabam e outros, apenas estremecem e depois se tornam mais sólidos que rocha. Na minha opinião, essa crise acontece porque depois de um bom tempo juntos, o casal precisa dar o próximo passo. Ou você dá um passo a frente ou você termina.
O meu namoro/noivado ainda não chegou nessa tal crise, mas eu rezo para estar preparada para, quando esse dia chegar, eu e Beibe possamos dar esse passo a mais.
O que impede de eu fazer então as minhas malas e sair correndo para o Beibe?
Hoje eu vou fazer uma confissão (sentem que o post é longo)
Beibe nasceu e cresceu em uma cidade pequena no norte da Holanda. Desde muito novo ele ajudou o pai na empresa. Essa empresa foi e é a grande mantenedora de toda a família de Beibe. Nela trabalham o pai, Beibe e mais um irmão, mas as irmãs também tem uma certa parte no negócio. Beibe é o único solteiro e com o tempo, os irmãos iam precisando de dinheiro e iam vendendo pequenas partes na empresa para Beibe. E ele ia comprando, até chegar a um ponto tal que ele se tornou praticamente o único dono. Enquanto os irmãos iam casando, comprando casa, tirando férias e tentando aproveitar a vida como uma típica família holandesa gosta, Beibe ia trabalhando feito louco e carregando a família toda nas costas.
No ano passado, após ouvir muitas reclamações do próprio Beibe de que a coisa andava insustentável por lá decidimos de que era hora de ficarmos juntos.
Só que Beibe sempre gostou muito daqui e chegamos a pensar que a solução era vender a empresa e ele vir para cá. Chegamos a fazer planos para isso.
Mas, misteriosamente, Beibe decidiu que não viria mais. O mistério é explicado por uma grande crise que assolou a família dele, inconformada em ver que a vaquinha holandesa de tetas grandes deles estava prestes a acabar. Como eu falei anteriormente, toda a família tira seu sustento de lá e para eles sempre foi muito cômodo que as coisas permanecessem como estavam. Beibe sempre foi um pouco "capacho" de todos, como os outros sempre tinham a desculpa de terem família, sempre foi Beibe o cara a correr na madrugada para a empresa quando alguma coisa de errado acontecia, sempre foi ele quem estava lá para resolver todas as broncas, acho que até por ser o filho mais velho, ele acabou assumindo um pouco esse papel de pai.
Na época foi bastante triste essa fase, foi duro entender e apoiar a decisão dele de que não dava para deixar a família na mão. Até porque se fosse a minha família na mesma situação eu não sei se eu não faria a mesma coisa. Após uma grande crise, decidimos que algumas coisas precisavam mudar, e entre elas, está o fato de que Beibe resolveu expandir um pouco a empresa e com isso veio a mudança para a Bélgica (já que quando decidimos que Beibe se mudaria para o Brasil ele tinha até conseguido vender a casa). No fundo é melhor assim, mais distante da família dele e não deixando que ela intervenha em todas as decisões da nossa vida.
Eu não tenho raiva de nenhum deles pelo que eles fizeram, e acho que eles também não tem de mim. Somos honestos, trabalhamos, damos um duro danado para conseguir as nossas coisas e sinceramente, sei que vamos ser felizes. Ao contrário, acho que eles morrem de medo de que algum dia Beibe resolva realmente vender tudo e deixá-los na mão, então, a cada dia, eles se tornam mais insistentes de que eu devo arrumar as minhas trouxinhas e me mudar para lá.
Mas, assim vamos levando. Beibe vai tocando as coisas por lá e eu por aqui, vamos trabalhando, investindo, já que mesmo que eu tenha que passar um bom tempo na Bélgica é aqui que queremos envelhecer. E nós vamos conseguir.
Enquanto eu estou aqui e ele lá trabalhamos e guardamos. Queria poder guardar um bom dinheiro antes dessa mudança que mais dia, menos dia, terá que acontecer. Não queria me mudar e descobrir depois que realmente a empresa tem muitas bocas para alimentar e termos que diminuir o nosso padrão de vida ou deixar de guardar para nosso futuro, para os filhos, e todas essas coisas que a gente planeja.
Não tenho do que reclamar. Beibe é o meu grande amor. Sou feliz com ele, mesmo não estando ao lado dele.
Ontem, depois da minha pequena crise, só conversando com ele já me senti bem melhor. Se tivesse que definir Beibe com uma palavra além de amor, seria aconchego. É incrível como ele consegue melhorar o meu dia. Ele me ajuda a relaxar. Guardar e planejar é importante, mas não podemos deixar de viver. Me dei conta de coisas pelas quais dá para ficar feliz, do tipo: se tirarmos um pouquinho de dinheiro da poupança eu ainda poderei ir pelo menos uma vez para lá esse ano, e ele virá agora no final de junho e em dezembro.
E eu que estava tão chateada com as pescarias dele nesse ano...Viu, Aline, como tudo tem um lado bom?
Kussen
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