Como os nossos pais

terça-feira, 15 de abril de 2008

Às vezes eu me surpreendo em como podemos, com a idade, acabar parecidos com os nossos pais. Meu irmão sempre riu muito do ronco do meu pai. O ronco dele era uma coisa horrorosa, até hoje acho que a minha mãe é uma brava guerreira por ficar ao lado dele. Depois da cirurgia que ele fez no céu da boca melhorou muito, mas antes, a sensação era que tinha terremoto todos os dias lá em casa. Só que o que o meu irmão não tinha se dado conta é que o ronco dele está muito, muito parecido com o do seu progenitor. Quando a cunha tocou no assunto dia desses, ele ficou brabíssimo, disse que ela estava de sacanagem, que não podia ser verdade. Pois bem, a cunha resolveu provar. Deixou um gravadorzinho próximo da cama e durante uma madrugada dessas foi lá e apertou o record. Resultado: quando ouvimos a fitinha achamos impossível diferenciar o ronco do papi do dele. Simplesmente igual. Ele ainda tentou argumentar, dizendo que era pegadinha delas (da cunha e da minha mãe que foi a cúmplice na gravação), mas quando foi convencido de que o ronco era dele mesmo, ficou decepcionado. Tanto que ele debochava do meu pai, lá está ele, roncando igual. Brincamos que iriamos comprar uns protetores de ouvido para a cunha e para a denga, porque aquele barulho infernal deve ser insalubre.
Nunca observei nenhuma característica em mim que tenha se acentuado com o tempo e que poderia ter herança genética (se é que essas coisas passam por genes). Se bem que todos são unânimes em dizer que eu fico mais debochada a cada dia que passa. Deve ser herança da minha mãe, já que ela é uma criatura realmente iluminada pela luz divina do deboche. Mas não aquele deboche chato, é aquele engraçado mesmo, minha mãe é risada garantida em qualquer festa.
As más línguas da família dizem que até em festa infantil ela pode fazer sucesso, nem é preciso contratar palhaço, é só dar uma caipirinha para a mamis, que as risadas estão garantidas. (Viu porque más, que coisa feia falar que a minha mamis se vende por meia dúzia de biritas! E pior ainda chamar a pobrezinha de palhaça!).
Mas ontem a noite uma coisa me assustou muito.
Estava bem relaxada, sentada em meu sofá, tomando a minha garrafa de Casillero del Diablo, conversando com o Be e de repente ouvi uma coisa que me assustou. Olhei feio para a garrafa, pensei que fosse efeito da bebida ou que os meus ouvidos estivessem me enganando. Mas não se passou um minuto do primeiro susto, aconteceu de novo, Be deu uma gargalhada e aquele barulho novamente.
Sim, caras blogueiras, eu admito, Be está com risada porquinho.
Só Deus sabe o quanto eu odeio aquela risada, a pessoa tá lá, gargalhando e de repente aquele oinc-oinc no meio da risada, um barulhinho sinistro que é feito com o nariz.
Não é um oinc-oinc-oinc o tempo todo, é mais como um: hahahahaoinchahahaha
O oinc é perdido no meio da gargalhada sabem?
Tanto que eu rezei, tanto que eu pedi, tanto que eu implorei a Deus...
Sempre achei uma dádiva o sogrão ser meio carrancudo, porque toda vez que ele ri é uma infinidade de oinc-oinc que provém dele e agora isso?
Eu só preciso saber, será que essas coisas tem transmissão genética?
Será que estou fadada a ter filhinhos com risada porquinho?

 
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